Pesquisa mostra que esta é a situação que mais provoca sofrimento no ambiente de trabalho; medo evita denúncia
13/12/2010 - 15h30 . Atualizada em 13/12/2010 - 15h59
Fábio Gallacci e Natan Dias
Alunos e amigos do professor Kássio Gomes, assassinado pelo estudante Hamilton Caires, durante manifestação no Centro de Belo Horizonte
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
Uma professora de Ensino Médio de Campinas que não quer ser identificada com medo de consequências ainda mais graves, já que foi vítima de uma “brincadeira de criança”, como definiu a diretoria da escola. Um aluno da 6ª série adicionou sonífero à sua garrafa de água. “Eu poderia sofrer algum acidente se fizesse efeito enquanto eu dirigisse. Como não havia ninguém da coordenação da escola, chamei a polícia para fazer um BO”, conta. Na delegacia, ainda na presença dos policiais, foi insultada e ameaçada pelo pai do aluno.
Uma pesquisa recente realizada pela direção do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), em conjunto com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), ouviu 1.615 professores da rede pública estadual – 67,4% do sexo feminino e 32,6% do masculino – que participaram do 23º Congresso da Apeoesp, ocorrido em setembro. O levantamento mostrou que, para 57,5% dos entrevistados, a violência nas escolas é a situação que mais provoca “sofrimento no ambiente de trabalho”.
TráficoA criminalidade armada e o tráfico de drogas invadindo as escolas são outros importantes fatores que retraem qualquer atitude mais efetiva dos profissionais da educação. “Tenho amigos — e inclusive eu — que têm medo de denunciar uma agressão. Quando se trabalha em um lugar onde há tráfico e o crime é algo comum, não há quem te proteja, ninguém se arrisca a falar. Somos nós que vamos para o bairro e para a escola todo dia nos expor”, desabafa uma professora de Ensino Médio de Campinas que, por receio de ser a próxima vítima, não quer ser identificada.
'A gente trabalha com medo de alguns alunos, essa é a verdade. Outro dia, um deles chegou 20 minutos atrasado à minha aula e eu não deixei entrar. É uma regra que coloquei, não permito atrasos, também não deixo eles mexerem com o celular ou o MP3. Ele saiu gritando, mandou eu me f... Um conhecido meu já tomou uma cadeirada nas costas dentro da sala”, conta outra professora, de história, que também não quer ver seu nome publicado.
Leia a reportagem completa na edição impressa do Correio Popular do dia 13/12/2010
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