Este tipo de visão política minimiza a vontade e a opinião da maioria e não faz do diálogo com a base um método de deliberação. O PSTU costuma impor às entidades nas quais atua as propostas que delibera em seu comitê central. Tal método contraria a democracia sindical e pretende transformar sindicatos em apêndices partidários.O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) é uma pequena agremiação partidária cuja concepção política é vanguardista, ou seja, acredita que o elemento definidor do sucesso de uma mobilização social reside basicamente na atuação de sua direção.
A APEOESP construiu sua trajetória trilhando um caminho diametralmente oposto. Referência de democracia sindical, nosso Sindicato se ergue sobre uma base participativa e pluralista, por meio da presença de representantes nas escolas, noventa e três subsedes, Conselho Estadual de Representantes, Diretoria Estadual Colegiada, Assembleias regionais, Assembleias estaduais, Conferências Estaduais, Congressos Estaduais, além de coletivos, comissões, encontros, cursos, web-conferências, atos e manifestações diversas. As eleições na APEOESP são pelo voto direto e envolvem dezenas de milhares de professores, numa verdadeira mobilização de fortalecimento da entidade a cada três anos.
Na APEOESP a base é quem manda. O PSTU não costuma respeitar a encaminhar as decisões da base e sim suas próprias decisões, que quer impor a todos. Esta é a raiz do problema que enfrentamos na assembleia do dia 10 de maio na Avenida Paulista. A APEOESP preza e pratica a democracia; o PSTU, não.
Quando o PSTU diz em carta que está circulando na rede estadual de ensino “a Presidenta da APEOESP não nos representa”, isto é a pura verdade. Não represento as concepções e práticas deste grupo. Represento a vontade e as decisões da base da nossa categoria. Represento as concepções construídas ao longo de décadas pelos movimentos de professores e pela sociedade civil organizada na luta por educação pública, gratuita, laica, inclusiva e de qualidade para todos.
O PSTU está na contramão
O que ocorreu na nossa greve é que o PSTU posicionou-se contra a vontade das bases da categoria em todos os momentos. Na V Conferência Estadual de Educação da APEOESP, realizada em dezembro de 2012, quando propus a perspectiva de greve para abril de 2013 como estratégia para pressionar o governo a negociar, a maioria absoluta dos delegados votou a favor, mas o PSTU foi contra. Quando, em 15 de março, a maioria dos presentes à assembleia aprovou a deflagração da greve em 19 de abril, novamente o PSTU foi contra. Em 19 de abril, quando a assembleia aprovou a continuidade da greve por tempo indeterminado, o PSTU, de novo, votou contra. Finalmente, em 10 de maio, quando a maioria dos professores considerou que era momento de suspender a greve, tendo em vista os avanços conquistados na negociação com o Secretário da Educação, outra vez o PSTU chocou-se com as posições da maioria, propondo a manutenção do movimento. Perdeu a votação e, junto como o inexpressivo Partido da Causa Operária (PCO), partiu para o tumulto, incapaz de aceitar a democracia sindical.
Na carta que o PSTU está enviando aos professores há muitos absurdos. Um deles é dizer que as reivindicações dos professores da “categoria O” teriam entrado na pauta “por pressão da oposição”.
Ora, como o PSTU não tem conquistado a simpatia da categoria, se auto intitula defensor dos professores da “categoria O”, quando a APEOESP tem lutando de forma constante contra esse tipo de contratação precária, que qualificamos de “semi-escravidão”. Se o governo dividiu a nossa categoria, nossa luta é pela unidade, em defesa de todos os professores. O ato em defesa dos professores da “categoria O” em fevereiro de 2013 (que apesar da chuva reuniu centenas de professores) e as mudanças havidas anteriormente na legislação não ocorreram pela atuação do PSTU, que nada fez neste sentido. Foram resultados da luta da APEOESP. Que vergonha, tentar tirar proveito de uma parcela da nossa categoria que tem sido tão desrespeitada pelo governo.
Diga o PSTU o que disser, os fatos falam por si. Nós da APEOESP temos história. Nesta história estão registrados vários momentos em que este grupo sem expressão na sociedade pretendeu vencer votações com base na pressão, no tumulto, no grito. Os professores não aceitam e jamais aceitarão tais métodos.
Quem quer partidarizar a APEOESP
Há membros do PSTU que são também membros da Diretoria, graças à proporcionalidade vigente no Sindicato (toda chapa que obtém no mínimo 10% dos votos válidos pode compor a direção). Entretanto essas pessoas se autodenominam oposição. Como diretores da entidade, deveriam estar preocupados com os encaminhamentos pós-greve, como a reposição de aulas, os projetos que o governo precisa enviar à Assembleia Legislativa e a concretização de tudo o que foi negociado. Negociação, aliás, que o PSTU e outros grupos diziam que não ocorreria. Eles estão preocupados, isto sim, em tentar desgastar a Presidenta da entidade, a diretoria e o próprio Sindicato.
Acusam-me de agir com interesses partidários, mas é o PSTU que se guia por uma agenda político-partidária. Em sua atuação na APEOESP a prioridade é a disputa pela direção da entidade. O PSTU quer apossar-se de uma das maiores estruturas sindicais do país para reforçar seu poder de fogo, já que não possui densidade social e eleitoral. Isto fica evidente em nossas assembleias. Basta observar a quantidade de bandeiras do PSTU e quantas há do partido em que milito. Precisa de prova maior sobre quem na prática quer partidarizar a APEOESP?
Seria tedioso elencar neste texto todos os momentos em que o PSTU tentou desviar o foco de nossa luta para outros objetivos. Nosso patrão é o Governo do Estado, dirigido pelo PSDB, mas na primeira semana de greve o PSTU dedicou-se a realizar uma manifestação em Brasília. Durante a greve, quis subordinar a dinâmica do nosso movimento à mobilização de outra categoria, que respeitamos e apoiamos na sua luta.
Como Presidenta da APEOESP, quero cada vez mais representar os professores e as professoras que democraticamente me elegeram pela segunda vez consecutiva, outorgando-me um mandato que se encerra em 2014 e o qual cumprirei integralmente.
Represento a minha categoria perante o governo e a sociedade. Represento, como dirigente da APEOESP, um legado de lutas e compromissos com a educação, com os trabalhadores e com a democracia. A quem representa o PSTU?
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
(FONTE: http://apeoesp.wordpress.com/2013/05/21/a-quem-o-pstu-representa/)
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